Criando conexões!
Se o caminho escolhido for de tratar um tema curricular: Esse momento inicial pode acontecer a partir de uma aula expositiva do conteúdo, da leitura de um texto, de um filme ou documentário. E então, apresentar aos estudantes uma provocação que os levem além do exposto. Aqui é interessante criar uma pergunta, que pode começar com "Como podemos....mudar/transformar/divulgar/reverter etc... essa situação apresentada?" Ou ainda "Como vocês se conectam com o que foi apresentado?", ou "Como a situação apresentada interfere na sua vida, do seu bairro, do país, do mundo?".
Se preferir escolher um tema com os próprios estudantes, pode ser interessante separá-los em grupos de 4 pessoas e propor que contem uma história que marcou sua vida e que tenha acontecido com eles em seu bairro ou na escola.
Os grupos se conversam e trocam estas histórias. Ao final de cerca de vinte minutos, peçam que escrevam palavras que remetem às histórias compartilhadas nos grupos menores para socializarem com a turma.
A partir destas palavras será possível conhecer os sentimentos e temas recorrentes ou de interesse da turma para iniciar os trabalhos sobre a palavra escrita, cantada ou falada.
Rotinas de Pensamento e Ferramentas Digitais
Uma boa forma de aprofundar o debate sobre temas apresentados nos componentes curriculares é utilizar a ferramenta do 5 Porquês, a partir dela os alunos vislumbram a raíz do problema/questão. Basta fazer como o Zequinha do Castelo Rá -tim-bum e continuar perguntando o por que após a resposta anterior. Exemplo: Por que vocês acreditam que as pessoas agiram dessa forma na Revolta da Vacina? E depois continuar indagando: Mas por que vocês acham que isso aconteceu? E de novo e de novo, até atingir 5 vezes!
Uma Rotina de Pensamento interessante para conectar fatos com a realidade deles é a 3 Whys, ou 3 Porques: Por que este acontecimento/tema nos preocupa como grupo? Por que ele nos importa? (Como somos afetados por eles? O que ele nos gera? Quais atitudes ou ações que realizamos contribuem para esse problema existir?) Por que este acontecimento/tema importa para a escola/bairro como um todo? Por que este problema afeta a cidade? Ou o Brasil? Ou o mundo?
Tanto estas Rotinas quanto a ideia de fazer a colheita de palavras que remetem às histórias compartilhadas podem ser feitas a partir do uso de ferramentas digitais: as rotinas podem ser respondidas em documentos online de edição de texto, como Word e Google Docs ou em Power Point ou Google Apresentações. O Jamboard - mural digital- deixa a experiência de colheita mais dinâmico e pode ser visualizado por todos da sala ao mesmo tempo, basta adicionar várias páginas: uma para cada grupo. Contudo, nada impede que todas sejam feitas com os eficientes lápis, papel e post-its.
Caso opte pelas ferramentas digitais, aproveite a oportunidade para apresenta-las aos estudantes.
Caso os estudantes não conheçam o slam, fica a dica do do Interescolas de São Paulo, onde os jovens fazem batalhas deste tipo.
Nega Lu e Araian Poeta contam o que é a poesia falada: https://www.youtube.com/watch?v=ZLJhhUum1aE
Nicole Amaral, campeã de Batalha de Slam: https://www.youtube.com/watch?v=Kaqks_TBIUE
Mayara Jarbitha Interescolas 2019: https://www.youtube.com/watch?v=lX_-nqy72SI
Para saber mais sobre Rotinas de Pensamento (vídeo com legenda em português): https://www.youtube.com/watch?v=BOb6eW03UHY&t=1s
Quantas e quais são as formas de usar a voz?
Aprender a falar é um dos grandes feitos dos seres humanos! O que fazemos com nossa voz pode mudar o mundo! A poesia falada, conhecida como slam, a rima e o cordel... Quais outras formas temos de nos expressar a partir das palavras faladas?
Para criar um texto que possa ser declamado de diversas formas os estudantes levarão em conta a etapa anterior e terão como desafio criativo compor trechos ou versos a partir das palavras registradas e selecionadas na etapa Imagine.
Estratégias para o desafio: das palavras à criações autorais: Para instigar um processo criativo coletivo e compartilhado, com o objetivo de produzir textos que possam ser usados como ponto de partida para formas de expressão diversas, sugerimos uma das seguintes atividades:
Atividade 1: Construindo com palavras: e se as palavras fossem coisas?
Com as palavras registradas e escolhidas pelos estudantes na etapa do Imagine, proponha uma exploração brincante, estimulando cada grupo a justapor, misturar, fragmentar tais palavras até encontrar algo "novo", diferente do que tinham como ponto de partida. Para isso, seria interessante que os estudantes pudessem ter as palavras selecionadas escritas em letra bastão em filipetas de papel e que usem tesoura e cola para fazer decomposições e recomposições em um papel em branco, visualizando outras estruturas verbais possíveis. No papel onde as palavras/fragmentos forem sendo rearranjados/colados, os estudantes podem também escrever complementos com outra cor de caneta, incrementando a composição. Unindo fragmentos, palavras e novas palavras, os estudantes poderão formar trechos de frases/textos, que em forma de versos que poderão ser organizados em uma determinada sequência que produza novos sentidos.
Atividade 2: Dados de palavras - criando conexões inusitadas
Proponha aos estudantes que separem as palavras registradas e escolhidas pelos estudantes na etapa do Imagine em 4 listas: sujeitos, verbos (ações), adjetivos (transformações desejadas). Construa com os estudantes 3 cubos de papelão para funcionarem como dados. A ideia é que cada um dos dados sejam escritas palavras de uma destas categorias, 6 palavras, uma em cada face do respectivo dado. Para começar a criação, cada estudante do grupo joga um dos dados e um outro estudante anota as palavras que saírem (na face de cima de cada dado). Conectando as três palavras sorteadas, os estudantes deverão complementar a ideia até que se forme um verso. Repetindo esta “brincadeira”, poderão formar mais versos e organizá-los em uma determinada sequência que produza novos sentidos.
Mas nem só de palavras faladas nós vivemos! A música é uma das formas mais poderosas que as palavras podem tomar! Criar uma canção, uma paródia ou se inspirar em uma melodia já existente para criar uma letra autoral pode ser um caminho cheio de aprendizados.
Criar textos que possam ser difundidos por meio de animações feita digitalmente também é uma opção interessante! Utilizando o Scratch, plataforma online e gratuita de programação em blocos, os estudantes dão vida às suas criações e ainda compartilham com uma comunidade global!
Dica - Trabalho por estações
Construa critérios com os estudantes: todos farão o mesmo tipo de produção? Os grupos serão separados em estações: estação do slam, estação do cordel, da poesia, da crônica, do Scratch? Essa opção pode ser bem útil quando não se tem computadores para todos os alunos, por exemplo.
Quais são as características de cada uma dessas opções? O que a produção tem que ter para ser um slam? E um cordel? Uma crônica? A parceria com a/o professor/a de Língua Portuguesa pode ser muito interessante!
No caso da construção de músicas, seria interessante conhecer e convidar músicos da comunidade para participar ou utilizar ferramentas digitais que confiram ritmo e melodia às letras criadas. Saiba mais aqui: https://www.techtudo.com.br/listas/2021/08/apps-para-fazer-musica-veja-7-opcoes-para-android-e-iphone.ghtml. Caso haja tempo, uma boa alternativa é criar alguns instrumentos musiciais, como por exemplo: https://www.youtube.com/watch?v=iyIzSJ1BCc8
Quer iniciar os alunos na programação em blocos mas não conta com computadores? Uma opção é retratar o texto a partir de uma história com Scratch desplugado. Saiba como aqui https://aprendizagemcriativa.org/atividade/minha-historia-em-blocos-scratch-desplugado
Quer conhecer mais sobre o Scratch? https://scratchbrasil.org.br/
Um movimento cultural!
O compartilhamento das criações pode acontecer de várias formas!
Porém antes de dividir com a escola, é interessante compartilhar com todos e todas da turma!
Na terceira aula faça uma rodada de apresentação e uma avaliação dos aprendizados e desafios.
Sugira algumas propostas para o compartilhamento com o restante da escola e escolha com os alunos - e em consonância com a gestão - o que faz mais sentido. Algumas opções são:
Um sarau onde todos se apresentassem; um vídeo com todos declamando suas produções e tocando suas músicas que poderia ser compartilhado nas redes sociais; fanzines com todas os textos compilados que possa ser distribuído pela escola e o entorno; publicações semanais no jornal da escola, nas redes sociais ou em algum veículo de comunicação do bairro.
Espalhar pelos corredores da escola cartazes que contem da proposta e contenham QR Codes que levem aos vídeos e animações no Scratch também pode ser divertido e envolver boa parte da comunidade escolar.